Quero acreditar que vale a pena,
Viver e amar e lutar por
Chegar ao fim com sentido
Do amor profundo;
Por uma flor, por um amor,
Por uma mulher, por um homem,
Por um pai, por um mundo,
Por um ideal.
(Prefácio, in «Os Ditos Normais», de Jorge Oliveira)
Excerto
Quando o absurdo fixa as garras férreas
no dorso frágil do imprevisível
sem aviso prévio
que mais posso fazer
do que esperar em silêncio
que as feridas sarem?
(in «No Encalço do Real Inalcançável», de Manuel Madeira)
Ismália
Alphonsus de Guimaraens
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…
E como um anjo pendeu
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar…
Poemas Inconjuntos
Alberto Caieiro
Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é.