HISTÓRIAS SEM PÉ NEM CABEÇA
Mauro Gonçalves Rueda
Primeira História
era uma vez uma história sem pé nem cabeça. não tinha início, meio ou fim. era uma coisa desengonçada e fora de moda. contudo, nas horas de fastio, brincava de ciranda-de-roda. certamente, para ver o tempo passar.
o incrível é que, o escritor da história, era pior do que a própria história em si: não sabia quem era, o que era, porque escrevia e o que iria escrever quando iniciou a história.
de forma que, mais que maluquice, ou atrapalho, o escritor pensou em ser a própria história, enquanto a história, brigava dentro dele porque afinal, ela sim, era a história. e ele, tão somente o autor. bem, para dizer a verdade, nem o escritor, nem a história, sabiam o que ia ocorrer ou ser escrito.
da mesma forma que, a história nem imaginava o quê ou quem era. deve ser porque ainda nem existia. uma história que não existe, deve ser algo vazio e sem graça. por isso mesmo, a história chegara à conclusão que, não possuía documentos e portanto, identidade. com isso, o escritor ficou muito zangado e disse: ora, eu sou o maluco aqui!. além do mais, sou eu quem não possui identidade ou documentos. então, vai tirando o cavalinho da chuva porque a história aqui sou eu e não você.
toda essa indecisão acabou gerando uma tremenda discussão cada vez mais acirrada. sem pé, nem cabeça. sem início, meio ou fim. e a história foi ficando naquele “blablablá”, “tititi” e coisa e loisa. como não conseguiam chegar a um acordo, acrescentaram um “etecétera” que é uma palavra um tanto quanto estranha. mesmo para uma história sem pé nem cabeça.
— ora, não me aborreça!. disse o escritor já exaltado.
por sua vez, a história respondeu:
— não vou dizer nada!.
— não quero nem saber.
respondeu o escritor com menosprezo. E a coisa toda continuou naquela lengalenga. sem fim. aliás, sem nexo e sem sentido.
a história enfezada, mudou de linha e de cor de repente. foi aí que o escritor matutou:
— isso não tem a mínima importância. você está pensando que vou me aborrecer?. e amuado, ficou aborrecido com a história. foi por isso que, passou a escrever tudo com letras minúsculas. mesmo no início de cada frase ou parágrafo. por outro lado, a história acabou aborrecendo-se ainda mais com o escritor.
Cerraram o cenho e permaneceram emburrados um com o outro. o escritor mudou de cor. a história também. contudo, apesar das discórdias, acabaram concluindo que, era melhor fazerem as pazes. e fizeram. acabaram ficando de bem um com o outro. tanto a história, quanto o escritor. afinal, brigar não é uma atitude legal e no mais, a gente vive precisando uns dos outros mesmo!…
melhor viver-se em paz, disse. quem disse essa frase?. ora essa, como posso eu saber?. aí, você leitor, vem e fica bravo comigo?. eu não tenho culpa se a história e o escritor viviam brigando. não tenho mesmo!.
foi então que tudo ficou de pernas para o ar. e a história sem ser terminada e sem “se terminar”. mas, como eu disse anteriormente, não tenho nada a ver com o peixe. querem uma sugestão?. porquê vocês não tentam refazer essa história e escreverem vocês?. bem, bem… acho que, por enquanto, essa história termina aqui. mesmo sem terminar. sem pé, nem cabeça. ora essa!. será que toda essa bagunça termina mesmo por aqui?.